DESAFIO
“Este mundo não é um bom amante da graça. Buscar intimidade em qualquer nível seja com Deus, seja com as pessoas, não é uma aventura na qual se pode contar com o apoio de muita gente. Intimidade não serve para fazer negócios. É ineficiente e não tem glamour. Se o amor a Deus puder ser reduzido a um ritual de uma hora de culto, se o amor ao outro puder se limitar a uma relação sexual, então as rotinas se tornam simples e o mundo pode funcionar eficientemente. Mas se nós não nos conformarmos a reduzir o amor à luxúria e a oração ao ritual, e sairmos pelas ruas exigindo mais, certamente iremos perturbar a paz, e aí vão nos mandar voltar e ficar quietinhos e comportados em casa ou na igreja, onde é o nosso lugar. Se nos recusamos a nos juntar ao culto aos exibicionistas que só esperam um sinal para montar um strip-tease espiritual, ou a quem, num ato de desvio de uma intimidade duradoura e comprometida, expõe sua nudez física à luz dos holofotes, somos tachados de puritanos incuráveis.
Atingir a intimidade não é nenhuma conquista fácil. Implica em dor – querer, desilusão e feridas. Mas se os custos são consideráveis, os prêmios são magníficos, pois na relação com o outro e com o Deus que nos ama somos completados na humanidade com que fomos criados. Gaguejamos e tropeçamos, vagamos e divagamos, demoramos e protelamos... Mas, persistindo em oração, nós aprendemos a amar ao sermos amados, constantemente e eternamente, em Jesus Cristo”.
Eugene Peterson, “Cuidado com Simplismos na Oração!”. In: De Volta à Fonte: Resgatando a Espiritualidade. Curitiba, Encontro, 2000.
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