Tesouros da fé cristã

"Todo escriba que se fez discípulo do reino dos céus é semelhante a um homem, proprietário, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas" - Mateus 13:52 (versão Almeida Revisada, 1974)

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Local: Rio de Janeiro, Brazil

Um cristão, historiador, que gosta de coisas belas, de ler e de cultivar boas amizades

segunda-feira, agosto 08, 2005

Fácil ou difícil?

(Alguém não conhece este livro famoso? Ele é do séc. XV)
CRISTO: − Filho, convém que ignores muitas coisas, e que te consideres como morto sobre a terra, e para quem todo o mundo está crucificado. Importa, igualmente, que feches os ouvidos a muitas coisas e cuides antes do que respeita à tua paz. Mais útil é desviar a vista das coisas que não te agradam e deixar a cada um o seu próprio parecer, que alimentar discussões. Se estiveres bem com Deus, e considerares seus juízos, facilmente suportarás que te levem de vencida. (...) Se soubesses que haverias de morrer amanhã, que te importariam as coisas da terra, o que se faz, o que se diz em redor de ti? Ora, morrerás amanhã, porque a vida é apenas um dia. Sê, pois, desde agora o que quererás ter sido, quando para ti se abrir a eternidade. Nem a ciência, nem a riqueza, nem coisa alguma de quanto há no mundo te servirá no juízo de Deus; não levarás senão tuas obras.
IMITAÇÃO DE CRISTO, livro III, cap. 44

DESAFIO

“Este mundo não é um bom amante da graça. Buscar intimidade em qualquer nível seja com Deus, seja com as pessoas, não é uma aventura na qual se pode contar com o apoio de muita gente. Intimidade não serve para fazer negócios. É ineficiente e não tem glamour. Se o amor a Deus puder ser reduzido a um ritual de uma hora de culto, se o amor ao outro puder se limitar a uma relação sexual, então as rotinas se tornam simples e o mundo pode funcionar eficientemente. Mas se nós não nos conformarmos a reduzir o amor à luxúria e a oração ao ritual, e sairmos pelas ruas exigindo mais, certamente iremos perturbar a paz, e aí vão nos mandar voltar e ficar quietinhos e comportados em casa ou na igreja, onde é o nosso lugar. Se nos recusamos a nos juntar ao culto aos exibicionistas que só esperam um sinal para montar um strip-tease espiritual, ou a quem, num ato de desvio de uma intimidade duradoura e comprometida, expõe sua nudez física à luz dos holofotes, somos tachados de puritanos incuráveis. Atingir a intimidade não é nenhuma conquista fácil. Implica em dor – querer, desilusão e feridas. Mas se os custos são consideráveis, os prêmios são magníficos, pois na relação com o outro e com o Deus que nos ama somos completados na humanidade com que fomos criados. Gaguejamos e tropeçamos, vagamos e divagamos, demoramos e protelamos... Mas, persistindo em oração, nós aprendemos a amar ao sermos amados, constantemente e eternamente, em Jesus Cristo”. Eugene Peterson, “Cuidado com Simplismos na Oração!”. In: De Volta à Fonte: Resgatando a Espiritualidade. Curitiba, Encontro, 2000.

quarta-feira, agosto 03, 2005

Atire a primeira pedra

"A vida de uma alma pura torna-se extremamente simples. Mas a alma impura é e deve ser singularmente complicada. Há tanta coisa a fazer! É preciso fazer-se valer e se exaltar e, ao mesmo tempo, crer-se humilde e pronto ao sacrifício de si. É preciso acariciar, a todo custo, o sentimento de santidade e nobreza de que dependem a paz e a felicidade dessa alma. Portanto, é necessário estar alerta para notar todas as fraquezas e imperfeições dos outros, porque são, potencialmente, rivais. E é necessário ainda que esses outros sejam punidos "caridosamente" e humilhados "docemente" para que não levantem a cabeça à altura da nossa no caminho real da santidade. É preciso tomar cuidado para que, enquanto, abertamente, faz-se alarde de renunciar à vontade própria, essa vontade seja secretamente satisfeita. É preciso assegurar-se de que desejo algum deixe de ser satisfeito. Em uma palavra, cumpra-se a nossa vontade na terra como se cumpre, no céu, a vontade de Deus!" Thomas Merton, A Vida Silenciosa. Petrópolis, Vozes, 2002